sexta-feira, 13 de abril de 2012

Dilermando Reis - O violonista do presidente Juscelino Kubitschek

Durante quatro décadas seu nome foi quase um sinônimo de violão e ele cumpriu o ciclo possível no Brasil a um músico de seu tempo: fez o interior, a boemia e as serestas das grandes cidades, tocou nas lojas que vendiam partituras e instrumentos musicais, foi artista de rádio, atração nos cassinos, formou sua própria orquestra, compôs, gravou, ensinou.

Amigo do ex-presidente Juscelino Kubitschek, teve a alegria de poder considerar-se um dos pioneiros da construção de Brasília: "Ajudei a construir, com minhas próprias mãos, o Catetinho. Meu violão foi primeiro ouvido nos céus da nova Capital e fiz também a primeira música em homenagem à cidade que nascia".

Aprendeu a tocar violão ainda criança, com o pai, Francisco Reis. Na adolescência conheceu o concertista cego Levino da Conceição, com quem percorreu o interior do país, até chegar ao Rio já músico formado. Antes de ingressar nas rádios, lecionou e tocou nas casas de música da época, como Bandolim de Ouro e Guitarra de Prata. Num tempo em que a admiração do público convergia muito mais para os cantores do que para os instrumentistas, Dilermando conseguiu manter um programa semanal de meia hora, no qual a atração máxima e única era seu violão, e de 1936 a 1969, quando deixou a Rádio Nacional, esteve sempre entre os artistas mais populares e requisitados. Gravou cerca de 40 discos entre clássicos e populares, reunindo sucessos como 'Alma Nortista', 'Calanguinho', 'Penumbra' e 'Se ela perguntar', a preferida de Juscelino.
16/07/1974: Dilermando Reis.França/CPDoc JB
 
As parcerias e as admirações musicais

Companheiro de seresta de Francisco Alves e João Petra de Barros, Dilermando era um instrumentalista brasileiríssimo, impecável na execução de valsas e chorinhos.

Admirava muitos dos músicos e autores mais jovens como Baden Powell Carlos Lira, Edu Lobo e Chico Buarque.

Mas não poupava críticas às músicas que considerava meramente comerciais: "Essas músicas de consumo, você a analisa, e não encontra nada, uma parecendo com a outra. Você a ouve porque está muito bem arranjada e muito bem interpretada. Mas ela não fica".

Dilermando ficará.
 
Abaixo está o link com um album clássico de sua carreira, Abismos de Rosas, apreciem a paixão de seu violão.
 
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Fonte:

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Estado de Goiás - Do coronelismo de enchada ao coronelismo eletrônico



Nos últimos meses vimos florescer uma avalanche de denúncias contra a base da situação governista no Estado de Goiás basicamente controlada pelo PSDB/DEM. As acusações de possíveis atos de improbidade, envolvimentos ilícitos e ligações com um bicheiro da clandestinidade mostraram para todo o Brasil o Estado de Goiás de forma negativada pegando muitos de surpresa. Vários atores da sociedade civil, jovens, opositores, descontentes, se manifestando contra esses atos degeneradores do Estado democrático nas redes sociais e mídias afins. Mas uma questão me intrigou, quem são os opositores e enfáticos que estão a dar repercussão globalizada a essas notícias? Quem é o cagueta? Quem que não quer mais o Marconi como executor de Goiás? Tomemos muito cuidado.

Antes de discorrer sobre esse assunto gostaria de teorizar sobre a formação política do Estado de Goiás. Sabe-se que Goiás se tornou Unidade Federativa independente com a proclamação da república em 1889 sendo sempre de característica agrária desde o período colonial quando ainda era da captania de São Paulo. Nesse contexto sempre se observou em Goiás características coronelistas, devido á má distribuição de renda, baixo nível de alfabetização e falta consciência política cidadã dos seus habitantes.

Um traço marcante da significação que Leal dá ao coronelismo é o paternalismo. Favores como emprego público aos aliados, assim como a sonegação de direitos aos adversários, resvalando para a ilegalidade, contribuem para organizar a administração municipal sob o poder do coronel. E nesse contexto Goiás percorreu todo o século XX até a efetiva democratização do Brasil em 1988. Porém não é de uma hora para a outra que um estado deixa características culturais enraizadas

A partir do Estado Novo, a política de Goiás se configurou entre duas correntes, a dos ruralistas ligados ao antigo governador Henrique Santilo e a dos MDB que lutavam pela democratização que enfim chegou com a proclamação da Constituição.

No entanto não só a mudança de um Estado autoritário para um democrático foram capazes de abalar as características clientelistas, coronelistas e paternalistas desse Estado. Disfunções ainda permanecem em grandes e pequenas esferas do poder público, porém com pequenas alterações. O poder coercitivo antigamente feito pelo coronel para apoiar determinado candidato deu lugar para o poder ideológico dos mecanismos de informação e sua grande capacidade de gerar consenso, mostrando boas práticas desse ou daquele candidato e falhas de outros. A imprensa goiana se divide muito bem como coronelista eletrônica.

TV Anhanguera, TBC, Diário da Manhã, são claramente governistas.
Demais mídias ou são opositoras (Radio 730, Carta Capital dentre outras) ou são "neutras".

Como afirmam Lima e Lopes (2007) emissoras de rádio e televisão são, em boa parte, mantidas pela publicidade oficial e estão articuladas com as redes nacionais dominantes, originando um tipo de poder não mais coercitivo, mas criador de consensos políticos que, embora não garantam, facilitam a eleição ou a reeleição de representantes em nível federal - deputados e senadores - que, por sua vez, permitem circularmente a permanência do coronelismo como sistema. Esses autores também defendem que no coronelismo eletrônico, como no velho coronelismo, a moeda de troca continua sendo o voto, só que não mais baseado na posse da terra, e sim no controle da informação e na conseqüente capacidade de influir na formação da opinião pública.

Também Garcia (2006) afirma que a expressão coronelismo eletrônico vem sendo usada há tempos para denominar o fenômeno que se desenvolve no cenário da comunicação nacional, com os donos de emissoras de TV, especialmente os políticos ou seus representantes, ou ainda, seus cabos eleitorais, utilizando a emissora para promoçãoimagem e candidatura.

Contudo, a sociedade civil não deve assumir ares de ingenuidade e se agarrar á qualquer mecanismo manobrista. A sociedade civil deve observar essa crise política em Goiás com sobriedade, sem oba oba. Quem são os atores envolvidos nesse processo de derrubada? As acusações são procedentes? E a justiça como se manifesta? Devemos responder essas perguntas antes de tomar alguma atitude motivada por interesses políticos obscuros.

Se for pra mudar, que seja com racionalidade, para um estado melhor e não uma transferência de um coronel para outro. Tomemos cuidado com as fontes de informação que tanto damos confiança, apuremos os fatos antes de sermos massa de manobra de outro coronel que irá assumir o posto do atual.




Fontes:

Coronelismo:
Administração Pública e a Sociedade Brasileira
Forma de Poder/Autoridade ainda viva nas Relações entre aAutoria:
ENAPG 2008


Paulo Emílio Matos Martins, Leandro Souza Moura, Takeyoshi Imasato

sábado, 7 de abril de 2012

Sidney Bechet - "O sopro dos céus"



Conheci esse monstro dos sopros não faz muito tempo. Fui ao cinema ver o filme "Meia Noite em Paris" do Woody Allen despretensioso, naquela segundona onde os preços são acessíveis ás pessoas comuns. Um fato muito intrigante, só tinha velho na sessão, tentei ver pelo lado positivo da cultura erudita apurada.. talvez assim não me sentia velho. Derrepente o filme se inicia com o toque de uma clarineta suave da musica "si tu vois ma mère" mostrando imagens da cidade de paris chovendo. Já gostei do filme ao se iniciar, a composição de Paris com o sopro do Bechet foram feitos um para o outro, até mesmo em sua vida pessoal onde de fato foi reconhecido como musico, ele que é originário de New Orleans nos Estados Unidos.

Morou em diversos lugares do mundo devido seu talento. Em 1950, ele retornou à cidade de Paris, onde se casou. Aliás, na França, Bechet era conhecido como "Le Dieu". E foi exatamente em Paris que Bechet se despediu, mais especificamente no dia de seu aniversário, quando veio a falecer em decorrência de um câncer pulmonar no ano de 1959.

Selecionei as composições que pra mim são inconfundíveis no repertório dele e postei pra vocês darem uma conferida, apreciem tomando um chá ou um café, perfeito para encontros românticos, momentos de reflexão, alegria, tristeza, ou seja, todos os momentos.

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Fontes:

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Inimigo do Contemporâneo.

Meu inimigo não é real. Ele é uma idéia moderna. Travestida de uma saia evasê curtíssima, provocante, ao ponto de desabrochar as vergonhas. De olhinhos fechadinhos como a sorrir, quase chineses, delicados, doces, e que apesar de doces estão a sucumbir, cheirando suruba sexual.

Ele há de te prender com suas garras vermelhas indestrutíveis, mãos estas macias, pequeninas, que ativam anseios eróticos.

Apaixonante!

Personalidade histérica dotada de psicopatia.

De atuação desinteressada, quase budista, inferniza pelo silêncio no ato da resposta tão suplicada. E que apesar do silêncio, responde com milhares de enigmas hipotéticos.

Queres me sugar, me chupar, me embriagar através dos meus própios questionamentos. Mas não.. não irei me calar como a sociedade veloz, hei de te combater... penso entre duas hipóteses, escolho uma terceira.

Suplico aos Deuses..

Minha fé que de fraca não chegou ao céu.

Suplico ao poder público..

Melhor não, estou pendente com as autoridades.

O Autruismo talvez, está tão difundido em "segredos" e o bem alheio, poder espiritual é tudo.. quem sabe?

E enquanto tento vencer minha guerra, suicido. Crio novos inimigos e fortaleço seu exército que há de me destruir.... este que sou eu mesmo.



La Liberté guidant le peuple. Eugène Delacroix